Na influente obra de 1735, Systema
Naturæ, Carl Linnaeus desenvolveu um
sistema de classificação da “natureza” que dividiu em três
reinos: animal, vegetal e mineral. Porém, somente nas primeiras
cinco edições deste livro o biólogo sueco incluiu um grupo
impreciso, formado por seres imaginários, que designou de Animalia
Paradoxa (Linnæi 1740 [1735]:
65-66). Este ensaio trata de um conjunto de seres, igualmente
imaginários e contraditórios, criados em barro pelos artesãos da
região de Barcelos, e procura experimentar metodologias de
correspondência entre o processo de criação de etnografia com o
destas criaturas. Começo por observar o aspeto sensorial e háptico
da prática de figuração em barro, interrogando que outros métodos,
além do etnográfico, possibilitam apreender o trabalho dos
barristas e das entidades que estes inventam com o barro. Concluo que
a prática artística, e especificamente o desenho, pode promover uma
aproximação ao gesto da modelação fantasiosa do barro, praticada
pelos artesãos.
Artigo publicado no Fórum Agora, da revista Etnográfica.
Referência: Ribeiro, Sónia Mota. 2025. «Animalia Paradoxa», Fórum Agora, Etnográfica.
Desenhos e fotografias
© Sónia Mota Ribeiro
Ver artigo na íntegra aqui.
António Ramalho (2024), e esboços das peças.